Em que pesem as críticas a discursos de Jair Bolsonaro enquanto deputado federal, neste dia 1º de janeiro, ao ser empossado como 38º pres...
Em que pesem as críticas a discursos de Jair Bolsonaro enquanto deputado federal, neste dia 1º de janeiro, ao ser empossado como 38º presidente da República Federativa do Brasil, ele deixou claro que há uma preocupação inédita em demonstrar sua fé em Deus.
Não foi apenas pelo uso do slogan de campanha, “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”. Analisando as duas falas da posse, no Congresso e no Parlatório, Bolsonaro falou em “Deus” 12 vezes. Já “ideologia” e variantes foram mencionadas nove vezes, sempre no sentido negativo. O terceiro termo mais usado foi “família”: sete vezes.
Para efeitos de comparação, Dilma Rousseff só mencionou uma vez; Lula falou duas vezes, bem no finalzinho, e Fernando Henrique Cardoso, sabidamente ateu, não mencionou o Criador.
Para parte da mídia, um presidente falar em Deus tantas vezes é um “problema”, num Estado que é laico, segundo a Constituição. Contudo, nada do que Bolsonaro falou fere o conceito de laicidade, uma vez não anunciou nenhuma intervenção estatal na Igreja e vice-versa.
Obviamente, o apelo que o novo mandatário fez para preservar “nossa tradição judaico-cristã” pode não ser bem vista por fiéis de outras crenças. Em 2010, o Censo apontava que percentual de católicos era de 64,6% e de evangélicos 22,2%. Levantamentos mais recentes mostram que os católicos diminuíram e os evangélicos cresceram, mas na média continuamos com mais de 85% de cidadãos se dizendo “cristãos”.
O que os críticos insistem em ignorar é que Bolsonaro afirmou na mesma frase que pretende “respeitar as religiões”. Ou seja, ela não falou de exclusivismo, mas não despreza o fato de que a tradição do país é outra.
As declarações de fé do presidente sempre incomodaram seus opositores. Quando ele fez uma oração de agradecimento assim que foi anunciado como presidente eleito, comentaristas da Globo News rapidamente classificaram como algo que “causa preocupação”.
Bolsonaro se declara católico, mas casou com e evangélica Michelle na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia. Nos últimos anos, a família frequenta a Igreja Batista Atitude, do pastor Josué Valandro. Ainda que para muitos Bolsonaro não possa ser considerado um “cristão exemplar”, ele tem o direito de falar sobre suas convicções religiosas.
Porém, suas declarações sobre Deus já incomodaram durante a campanha, quando apareceu em um dos debates com três coisas escritas como “cola” na mão: “Deus, pátria e família”. Seu devoção ficou ainda mais visível após ter sobrevivido ao atentado a faca sofrido em setembro. Por diversas vezes, o político declarou estar vivo “por milagre” e o quanto era grato a Deus por ter salvado sua vida.
Talvez isso seja melhor traduzido não só pelos discursos, mas também pelo fato de ter tomado posse usando uma pulseira azul, que lhe foi presenteada quando estava internado, recuperando-se da facada. A mensagem diz: “Protegido pelo sangue. Apocalipse 12:11”. Criado pela Igreja Fonte da Vida, o adereço evidencia o que ele pensa sobre sua situação.
Gospel Prime
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